domingo, 10 de maio de 2009

O guardador de rebanhos

Já por mais de uma vez disse que uma das coisas que mais me faz falta aqui em Chicago é o horizonte. 
Sinto-me presa por não avistar mais que o outro lado da rua para um lado e pouco mais de 4 ou 5 quarteirões da janela. 
Normalmente a gente fica a olhar para mim, com uma certa surpresa: estariam talvez à espera do mais comum café, pão. E ficarão a pensar "quem raio sente falta do horizonte"?


Hoje, por mero acaso, reencontrei-me com um poema de Alberto Caeiro,

"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver."





2 comentários:

Elis disse...

vai até ao lago!
pode ser "só" um lago e era para mim um ultraje quem o comparava com o mar...afinal onde estavam as ondas, o cheiro, a maresia, a infinitude!...mas já não é para mim, um ultraje!
Haverá outros horizontes,...
-acabei de ver o blind; não li o livro.
teremos outras riquezas!
...mas eu sou uma campónia e uma verdadeira "fadista"! qdo tenho a cidade quero o "meu campo, a minha aldeia"; qdo estou na aldeia...

ultima janela disse...

Sim! Já fui, e até liguei à Raquel do feliz que fiquei. E o que lhe disse foi mesmo: Precisava disto, de ver o horizonte.
Por isso este post e o poema continua a valer, porque no dia a dia, de casa para o trabalho, do trabalho para casa, infelizmente não vejo o lago.